Feiras, Festas, Romarias e Rituais

Feira das Cantarinhas e feira de Artesanato

Feira das Cantarinhas – Realiza-se no primeiro fim-de-semana de Maio, ocupando diferentes artérias da cidade de Bragança. De origem medieval, é a feira mais antiga da União das Freguesia e uma das mais antigas da região. Tem como principal motivo de comercialização, as famosas cantarinhas de barro, que outrora era um utensílio usado para levar água aos agricultores no campo. Hoje são recriadas em pequenos tamanhos, cores e feitios, por hábeis artesãos, tendo como finalidade a ornamentação. Dizem os mais antigos, que dão sorte e prosperidade a quem as comprar.
Feira de Artesanato – Decorre em paralelo com a Feira das Cantarinhas, nos últimos anos tem-se realizado na zona histórica da cidade, mais concretamente, na Praça Camões e Praça da Sé. É o certame de promoção das artes e ofícios tradicionais, onde os artesãos promovem o que de melhor se faz na região.

Norcaça, Norpesca e Norcastanha

Considerada uma das melhores feiras temáticas a nível nacional, nasceu em 2002, primeiro dedicada exclusivamente ao sector da caça, em 2005 juntou-se-lhe a pesca e mais recentemente, em 2010, a fileira da castanha. Realiza-se anualmente em Outubro no Pavilhão de Exposições do NERBA.

Festival do Butelo e das Casulas

Realiza-se no início do mês de Fevereiro, no centro histórico de Bragança, mais concretamente na Praça Camões. Este certame gastronómico, que atrai milhares de visitantes a Bragança, procura promover e valorizar um produto típico e característico da região transmontana, o Butelo acompanhado das casulas. A última edição contou com 19 produtores de butelo, casulas, fumeiro, pão, artesanato e outros produtos locais, para além de diversas atividades realizadas em simultâneo, como a semana gastronómica do butelo e das casulas, à qual se associaram 27 restaurantes do concelho.

Festas Religiosas

Festividade da Nossa Senhora das Graças

Realiza-se entre os dias 10 e 22 de Agosto. Padroeira da cidade de Bragança e, em honra da qual, se celebram as grandiosas Festas da Cidade de Bragança. Estas são organizadas pela Câmara Municipal, pela União das Freguesias de Sé, Santa Maria e Meixedo e pela Comissão Fabriqueira da Igreja de Nossa Senhora das Graças. O programa conta com uma série de espetáculos musicais, animação no Castelo de Bragança, com a Festa da História e um espetáculo piro musical na noite do arraial do dia 21 para o dia 22. O programa religioso dedicado à padroeira da cidade tem o seu ponto alto com a missa na Catedral seguida da grandiosa procissão Solene pelas ruas da cidade.

S. Lázaro e S. Bento

São Lázaro – Com a capela localizada na periferia este da cidade de Bragança, esta festividade realiza-se no quarto Domingo da Quaresma, para além da missa seguida de procissão. A festa inclui a realização de uma feira em que o principal produto de comercialização são as laranjas, por isso esta solenidade é conhecida pelos populares como festa das laranjas.

São Bento – as cerimónias religiosas celebram-se a 17 de Junho, na Igreja de São Bento, que fica na Rua Eng. José Beça, junto ao antigo edifício do Ex. Governo Civil de Bragança. Padroeiro da Diocese de Bragança e Miranda e da Paróquia de S. Bento e S. Francisco. A sua Festa celebra-se a 11 de Julho, precedida por uma novena,  à qual ocorrem muitos fiéis.

São Sebastião


As solenidades referentes a este santo celebram-se a 20 de Janeiro, em dois locais da União das Freguesias. Numa capela dedicada ao santo, na cidade de Bragança, que fica ao fundo da mata do Castelo, em frente da antiga escola primária, com o mesmo nome do Santo e na capela dedicada a este na aldeia de Meixedo.

Senhora da Saúde, Senhor da Piedade

Nossa Senhora da Saúde – Com uma capelinha localizada na Rua de São Francisco, nas proximidades do Convento de São Francisco, a solenidade celebra-se também, a 11 de Julho, com uma paragem neste local da procissão dedicada a São Bento.


Divino Senhor da Piedade  – Com uma capela, localizada na rua com o mesmo nome do Santo, as festividades celebram-se a 11 de Julho.

Nossa Senhora do Sardão

Padroeira da freguesia de Santa Maria, as cerimónias realizam-se a 15 de Agosto, na igreja com o mesmo nome, mas que é vulgarmente conhecida por Igreja de Santa Maria, que fica ao lado da Domus Municipalis, em frente da Torre de Menagem do Castelo de Bragança. Estas comemorações, que incluem a celebração de uma missa e procissão à volta do templo, estão inseridas nas Festas da Cidade de Bragança, e nos últimos anos têm coincidido com a Festa da História que se realiza no mesmo local.

Sagrado Coração de Jesus e São Vicente

Sagrado Coração de Jesus – As Quintas da Seara têm como patrono o Sagrado Coração de Jesus. A construção da Igreja foi iniciada no ano de 1991, a expensas do povo, juntamente, com o Pároco. É a primeira Igreja na Diocese dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. A festa do Sagrado Coração de Jesus celebra-se no segundo Domingo de Agosto.

São Vicente – As cerimónias religiosas têm lugar a 22 de Janeiro em dois locais da freguesia, na aldeia de Oleirinhos, pois este santo é o seu patrono, e na igreja dedicada a este santo, que fica de frente para o largo de S. Vicente também conhecido como Largo do Principal, na cidade de Bragança.

Santa Ana e Santo André

Santa Ana – Uma das principais romarias da União das Freguesias, celebra-se no santuário dedicado a esta santa, que se localiza em Meixedo. As festividades iniciam-se com uma novena celebrada todos os Domingos, anteriores ao ponto alto das comemorações no último fim-de-semana de Julho. O santuário situa-se a uma cota de 802 metros de altitude e permite um vislumbre sobre uma paisagem deslumbrante recortada numa verdadeira manta de retalhos, de espaços agrícolas e florestais e os pequenos aglomerados populacionais das aldeias de Meixedo e Oleirinhos (a sul do santuário) e a aldeia de Rabal (a norte do santuário).

Santo André – Padroeiro da aldeia de Meixedo, as cerimónias religiosas realizam-se a 30 de Novembro.

Rituais Pagãos

A Morte, O Diabo e a Censura de Bragança

Num passado não muito remoto, os ritos executados pelas personagens da morte, do diabo e da censura assumiam proporções verdadeiramente aterradoras. Era essa a finalidade que se pretendia atingir.
Tal como no passado, a Quarta-feira de Cinzas em Bragança continua hoje a ser um dia divertido. A morte já não participa na procissão de Cinzas, porque até esta se perdeu, mas executa os rituais ditos profanos devidamente acompanhada pelo diabo e pela censura.
Formam-se várias equipas de três personagens, percorrendo indiscriminadamente os espaços públicos da cidade. Armados de gadanhas, tridentes e chicotes, percorrem as ruas, largos e vielas da zona histórica da cidade. Com isto batem às raparigas e às mulheres.
Recuando até à poucos anos, sabemos que as raparigas se fechavam em casa e das janelas gritavam, num gesto de desafio: “tens pori de vir aqui!”.
Espicaçados por estas palavras, trepavam às varandas e janelas (o que ainda hoje fazem) com recurso a escadas, e entravam nas casas com o único intuito de castigar as jovens provocadoras.

(Texto retirado do Catálogo da Máscara Ibérica, dos autores António A. Pinelo Tiza e Jesus Núñez Gutiérrez, edição da Câmara Municipal de Bragança, 2013, p. 78)

Bienal da Máscara

Bienal da Máscara ou Mascararte, trata-se de um projeto inovador, tendo como base a ancestralidade da cultura transmontana ligada às Festas do Solstício de Inverno, através da máscara, dos trajes e dos rituais. A primeira edição realizou-se entre 17 de Dezembro de 2003 e 17 de Janeiro de 2004. A internacionalização do evento aconteceu na 2ª Bienal, que se realizou de 1 a 15 de Dezembro de 2007, tendo como temática “A Mascara Brasileira”. A organização deste evento cultural, está a cago da Câmara Municipal de Bragança, com o envolvimento e a participação de diversas associações e grupos do concelho de Bragança. Durante a Bienal a cidade de Bragança acolhe diferentes atividades:
O cortejo de Mascarados, Caretos e Mascaretos, exposições e concursos de pintura, fotografia, escultura. Arte infantil e juvenil, apresentação de livros, realização de conferências, colóquios e peças de teatro, que versão sobre a Máscara e os Rituais de Inverno em Trás-os-Montes.    

Queima do Diabo de Bragança

Este ritual, surgiu pela primeira vez no encerramento da V Bienal da Máscara em 2011, e atualmente realiza-se no fim-de-semana que antecede a terça-feira de Carnaval. Após um desfile, que é denominado de “Carnaval dos Caretos”, que reúne centenas de mascarados e caretos oriundos de várias freguesias do concelho e além fronteiras, a que se juntam os “caretinhos”, crianças disfarçadas de caretos, dos diversos estabelecimentos de ensino e IPSS do concelho, é queimado o Diabo de Bragança.
Trata-se de uma figura com vários metros de altura (na ultima edição de 2018 tinha 9 metros de altura), e cuja indumentária vai variando de ano para ano, personifica o diabo e à qual, para aumentar o dramatismo da ocasião, foi associada uma lenda que a seguir se transcreve:

                                                                 “ A Lenda do Diabo” e o Ritual do Carnaval de Bragança
Conta-se que à muito, muito tempo, a cidade de Bragança foi palco de um acontecimento invulgar. Durante a comemoração da Quarta-Feira de Cinzas, o jovem que representaria o Diabo, entusiasmado com o seu desempenho e animado de uma certa euforia, resolveu equipar-se e colocar a máscara antes de se encontrar com os outros dois protagonistas do ritual, a Morte e a Censura, infringindo desta forma a tradição.

O verdadeiro Diabo, presenciando com olhar mordaz o acontecido, rapta o jovem desprevenido e, retirando-lhe o traje mascara-se com ele, para logo partir assustando e roubando algumas almas.
Com o corpo e o rosto apressadamente escondidos no traje roubado, deixa a descoberto as garras e as mãos e a parte inferior das canelas.
Atento ao desenrolar dos fatos estava Santo Estêvão. Padroeiro dos jovens, de imediato fez despontar do chão uma luvas brancas, muito brancas na sua pureza.
O Verdadeiro Diabo não perde tempo e calça-as escondendo assim as suas garras.
Ao tentar assustar uma menina que por perto passava, suscitou nela uma desconfiança imediata, pois que Diabo, como estava ali o malvado sem a Morte e a Censura?
E ainda, a que propósito tinha ele umas luvas brancas e umas pernas magras, peludas e escuras, e aquelas canelas a descoberto!
Ao olhar mais de perto, a menina descobre perturbada, que aquelas pernas eram bem outra coisa, eram umas repugnantes patas de cabra!
Que Diabo!!!
Foge assusta, e cruzando-se com um grupo de caretos, conta o sucedido.
Os caretos reagem de imediato, só o fogo afastará o Diabo, só as tochas incandescentes darão cabo dele, o malvado.
De repente, sob o olhar decidido dos caretos, salta-lhe o fogo por detrás da cabeça. Ao desfazer-se o calçado e as luvas, começa a mostrar a sua verdadeira identidade.
Pés de Cabra, canelas e mãos esqueléticas, com unhas aguçadas… é o Diabo, é o Diabo…!
Os Caretos, jovens cristãos, lançam-lhe fogo sem parar, queimando e calcinado a besta. Esta agoniza e numa atitude desesperada tenta abrir as suas asas negras para fugir.

Destruído pelo fogo, cai a máscara do diabo. Vê-se então um esqueleto meio humano de osso e cauda, casco de chibo e corno na caveira!

É por isso que a partir desse dia, os jovens só se mascaram perante o testemunho dos três (diabo, morte e censura), furtando-se ao engano, de ser ludibriado pelo Verdadeiro Diabo.” 

(Texto retirado do Catálogo da V Bienal da Máscara, vários autores, edição da Câmara Municipal de Bragança, p. 88-91, 2011)